Vacinar é proteger:

especialmente durante os primeiros mil dias de vida

Qual é a importância dos primeiros mil dias de vida?

Os primeiros mil dias de vida de toda criança são considerados como uma “janela de oportunidades” para o desenvolvimento. Isso porque nessa fase, a criança tem uma rápida e complexa evolução física, cognitiva e emocional.

Ter um olhar atento e cuidadoso para a criança neste período poderá impactar até a sua vida adulta, influenciando diretamente em sua qualidade de vida.

Além disso, nos primeiros anos, o sistema imunológico das crianças está em formação, o que faz com que elas fiquem ainda mais vulneráveis a diversas doenças. Nesse sentido, vaciná-las desde o nascimento contribui para a produção de anticorpos e, consequentemente, para um desenvolvimento mais saudável e seguro. 

Veja as principais dúvidas sobre o tema

Abaixo, a Fundação Abrinq compilou algumas dúvidas e curiosidades sobre os primeiros mil dias de vida e sobre vacinação em crianças.

O que são os primeiros mil dias de vida?

O conceito de mil dias de vida se refere desde a concepção até os 2 anos de idade da criança.

Os primeiros mil dias leva em consideração os 270 dias da gestação, os 365 dias do primeiro ano e os 365 dias do segundo ano.

Os primeiros mil dias é a fase mais importante para o desenvolvimento da criança. Por isso, adotar algumas medidas como garantir a realização e o acompanhamento pré-natal, o aleitamento materno exclusivo até o 6º mês e complementar até 2 anos ou mais e promover uma alimentação saudável, são fundamentais para auxiliá-la a alcançar o seu pleno desenvolvimento físico e emocional.

Essas medidas, inclusive, podem ajudar a reduzir a mortalidade materna, a mortalidade infantil e ainda promover um futuro mais saudável para a criança.

O aleitamento materno exclusivo desde a primeira hora de vida pode contribuir com a redução das mortes neonatais. Além disso, crianças amamentadas tendem a adoecer menos e ser mais estimuladas, isso porque o leite materno contém todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento delas, contribuindo, inclusive, para a hidratação. A amamentação também ajuda a criar e fortalecer o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê.

Manter a vacinação das crianças sempre em dia é fundamental para prevenir a propagação de vírus e protegê-las contra doenças sérias, como é o caso da paralisia infantil, do sarampo, da hepatite B, da coqueluche e diversas outras.

Veja o calendário de vacinação infantil que a criança precisa seguir desde o nascimento e, se necessário, procure o posto de saúde mais próximo para atualizar a caderneta de vacinação.

As vacinas são produzidas a partir de microrganismos que podem ser atenuados, inativados ou de seus derivados. Entenda as características de cada uma:

Vacina atenuada

  • Contém o microrganismo vivo, porém, enfraquecido;
  • Não consegue causar a doença;
  • Mimetiza a doença (fenômeno em que uma substância que causa uma resposta imune imita um antígeno do próprio corpo);
  • Consegue se reproduzir, ampliando a resposta imunológica.

Atenção: nem todas as pessoas podem tomá-la, como imunodeprimidos e gestantes.  

Vacina inativa

  • Contém microrganismos mortos;
  • Não consegue causar a doença;
  • O sistema imune reconhecerá, mas não conseguirá se replicar;
  • Produz uma resposta imunológica mais fraca e menos duradoura, precisa de doses de reforço;
  • Mais segura e estável.

Quando a pessoa recebe a substância, por meio da vacinação, o seu organismo começa a produzir anticorpos para defesa, evitando que ocorra a doença e desenvolvendo a imunidade.

Algumas crianças podem apresentar reações adversas que costumam ser leves e desaparecer em poucos dias, sem representar risco para a saúde delas. As reações mais comuns são:

Vermelhidão

A introdução da agulha pode provocar irritação e os adjuvantes (substâncias das vacinas) estimulam uma reação inflamatória local. É esperado que no local da aplicação ocorra vermelhidão, endurecimento, calor e edema, podendo ser doloroso ou não. Essas reações são esperadas dentro de 24 a 48 horas após a aplicação.

Eventualmente, pode haver a formação de um nódulo ou abcesso. Estes podem ser submetidos à avaliação médica para a conduta apropriada. Em nenhuma destas situações há contraindicações para doses subsequentes.

O que fazer? Para aliviar os sintomas, pode ser realizada compressas frias ou a aplicação de gelo — coberto com um pano — no local, até as primeiras 48 horas após a vacinação, por cerca de 15 minutos, três vezes ao dia. Se necessário e indicado por um profissional da Saúde, também pode ser utilizado analgésicos.

Irritabilidade, perda de apetite e sonolência

Tais reações são comuns, principalmente nas primeiras 24 a 72 horas. Elas não contraindicam as doses subsequentes, bem como não é necessária nenhuma conduta especial. Casos persistentes podem ser investigados em conjunto com profissionais de Saúde.

O que fazer? Se necessário e indicado por um profissional, pode ser utilizado analgésicos.

Vômito ou diarreia

Essas reações podem ocorrer após a aplicação de algumas vacinas, mas costumam ter um bom prognóstico.

O que fazer? Pode-se considerar o uso de medicamentos para aliviar o enjoo (antieméticos), desde que indicados por um profissional. É importante que o medicamento não provoque sonolência, pois é necessário que a criança permaneça acordada para que os responsáveis possam observar os sintomas com atenção.

Febre

É considerada febre quando a temperatura axilar é igual ou superior a 37,5ºC. Este quadro trata-se de uma resposta natural do corpo. Sendo assim, é comum que a criança apresente febre leve a moderada, especialmente após a primeira dose da vacina e nas primeiras 24 horas após a aplicação.

A febre alta é menos comum, mas pode acontecer. Se durar mais de 24 horas ou começar após o primeiro dia da vacinação, a criança deve ser avaliada por um profissional da Saúde.

O que fazer? Ofereça bastante líquido e, se a criança ainda estiver na fase de amamentação, mantenha o aleitamento materno em livre demanda. Deixe a criança em um ambiente arejado, com roupas leves e incentive o repouso. Se recomendado por um profissional, pode ser utilizado um antitérmico para amenizar os sintomas.

Atenção: não é recomendado usar antitérmico preventivamente, ou seja, antes ou no momento da vacinação, pois ele pode diminuir a eficácia da vacina.

Nenhuma reação adversa representa um risco maior do que a criança ser exposta a doenças graves pela falta de vacinação.

Crianças não vacinadas estão expostas a diversos tipos de vírus que podem causar doenças como paralisia infantil, coqueluche, sarampo, bronquiolite, entre outras infecções que, além de colocar a vida da criança em risco, pode deixar sequelas permanentes, afetando a qualidade de vida, o desenvolvimento e a saúde delas.

Além disso, a não vacinação pode manter o vírus circulante no país, colocando em risco a saúde de todas as outras crianças em risco.

Para atualizar as vacinas das crianças, basta ir até a unidade de Saúde mais próxima com a caderneta de vacinação. Caso tenha perdido a caderneta, é possível solicitar a segunda via diretamente na unidade de Saúde.

Mitos sobre a vacinação

Toque nos quadros para saber mais.

A vacina contra influenza pode causar gripe

Mito!

A vacina é composta por vírus inativado. Sendo assim, não pode induzir o desenvolvimento da doença.

A gestante não deve se vacinar

Mito!

Algumas vacinas como gripe, COVID, hepatite B e dTpa (difteria, tétano e coqueluche acelular) são indicadas às gestantes para a proteção delas e dos bebês. As vacinas contraindicadas são aquelas compostas por vírus atenuados.

A vacina tríplice viral causa autismo

Mito!

Não existe nenhuma evidência de que as vacinas causam autismo. Essa história pode ser considerada a primeira fake news relacionada à vacinação. Tal desinformação tem origem em um estudo científico de 1998, que utilizou dados falsos, feriu princípios básicos de pesquisa e o autor apresentava conflito de interesse, sendo desmentido por cientistas.

A pessoa que amamenta não deve se vacinar

Mito!

A vacinação, geralmente, não está contraindicada nessa fase, sendo inclusive recomendada. As únicas vacinas contraindicadas no período são contra a febre amarela e a dengue.

Tomar mais de uma vacina ao mesmo tempo é prejudicial para o sistema imunológico

Mito!

A aplicação de mais de um imunizante simultaneamente, conforme proposto pelo Calendário Nacional de Vacinação, é recomendada cientificamente e não causa danos ao organismo.

Não é necessário se vacinar contra doenças que são evitáveis pela vacinação e que estão quase erradicadas no Brasil

Mito!

O controle dessas doenças tem como origem justamente a vacinação. Algumas doenças estão ressurgindo pela resistência de algumas pessoas a se vacinarem, como é o caso da Poliomielite.

Bebês prematuros ou com baixo peso não podem receber as vacinas na idade cronológica

Mito!

Os bebês podem e devem ser vacinados na idade cronológica. A única ressalva é em relação à vacina BCG, que deve ser aplicada somente em crianças com peso igual ou superior a 2kg.

A importância da vacinação

Agora que você já sabe a relevância dos primeiros mil dias de vida para uma criança, sabe também que é importante protegê-la, nesta fase, de doenças graves. Veja abaixo as principais vacinas, de acordo com o Calendário Nacional de Vacinação da Criança, que toda criança precisa tomar até os 2 anos de idade.

Idade Vacina Dose Doenças evitadas
Ao nascer • BCG
• Hepatite B
Única
Única
• Formas graves da tuberculose
• Hepatite B
2 meses • Penta (DTP + Hep. B + Hib)
• VIP (Poliomielite)
• VPC10 (Pneumocócica)
• VORH (Rotavírus)
1ª dose de cada • Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B e infecções por Haemophilus influenzae B
• Poliomielite
• Doenças pneumocócicas invasivas
• Gastroenterite viral
3 meses • Men C (Meningocócica C) 1ª dose • Doença meningocócica
4 meses • Penta
• VIP
• VPC10
• VORH
2ª dose de cada • Reforço às doenças listadas nos 2 meses
5 meses • Men C 2ª dose • Doença meningocócica
6 meses • Penta
• VIP
• INF3 (Influenza)
• Covid-19 (Comirnaty ou Spikevax)
3ª dose Penta
3ª dose VIP
1ª dose Influenza
1ª dose Covid-19
• Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B e Hib
• Poliomielite
• Gripe (Influenza)
• Formas graves e complicações da Covid-19
7 meses • Covid-19 2ª dose • Covid-19 (formas graves e complicações)
9 meses • Covid-19 (3ª dose, se Comirnaty)
• Febre Amarela
3ª dose
1ª dose
• Covid-19
• Febre amarela
12 meses • VPC10
• Men C
• SCR (Tríplice Viral)
Reforço
Reforço
Única
• Doenças pneumocócicas
• Meningocócica C
• Sarampo, Caxumba e Rubéola
15 meses • VIP
• SCRV (Tetraviral)
• Hepatite A
• DTP
Reforço
Única
Única
1º Reforço
• Poliomielite
• Sarampo, Caxumba, Rubéola e Varicela
• Hepatite A
• Difteria, Tétano, Coqueluche
4 anos • Febre Amarela
• DTP
• Varicela
Reforço
2º Reforço
Única
• Febre amarela
• Difteria, Tétano e Coqueluche
• Varicela
9 a 14 anos • HPV4 Única • Infecções pelo Papilomavírus Humano (HPV)

Loading..........

The Data is Not Available

Calendário vacinal das gestantes

A qualquer tempo no pré-natal

  • Hepatite B (HB – recombinante): iniciar ou completar três doses para evitar a Hepatite B
  • Difteria e Tétano (dT): iniciar ou completar o esquema de três doses com vacinas contendo os toxoides de difteria e tétano para evitar ambas as doenças

20ª semana de gravidez e puérperas até 45 dias

  • Vacina Difteria, Tétano, Pertussis (dTpa – acelular): dose única a parti da 20ª semana, a cada gestação, para evitar Difteria, Tétano e Coqueluche.

Se não aplicada durante a gestação, a dose da vacina deve ser administrada no puerpério o mais breve possível, até 45 dias após o parto. O objetivo é prevenir o tétano neonatal e a coqueluche em recém-nascidos, até que possam iniciar o esquema vacinal aos 2 meses.

Programa 1000 Dias

A Fundação Abrinq lançou, em 2024, o Programa 1000 Dias com o objetivo de contribuir com o desenvolvimento integral nos primeiros mil dias de vida da criança.

A iniciativa trabalha em duas frentes, sendo:

Gestação, nascimento até primeiro ano de vida:

Gestação, nascimento até primeiro ano de vida:

com o propósito de aprimorar os cuidados em Saúde com gestantes, puérperas e o desenvolvimento de crianças até 1 ano de idade.

Primeiro ao segundo <br>ano de vida:

Primeiro ao segundo
ano de vida:

com o propósito de aprimorar práticas que contribuem com o desenvolvimento infantil nas creches participantes do projeto, com foco em educação alimentar e nutricional.